Ano 2012 foi «o mais difícil» para o mercado do imobiliário
O ano 2012 foi hoje considerado o «mais difícil da última década para o mercado do imobiliário» pela consultora Jones Lang LaSalle, com os resultados em queda em todas as áreas de negócio.
“O mercado imobiliário absorve, obviamente, todos os reflexos da conjuntura económica que se vive e 2012 foi um ano recorde pela negativa, com a estagnação do mercado de centros comerciais, níveis de investimento residuais, os escritórios a manterem absorções abaixo dos 100 mil metros quadrados e queda nas vendas de casas”, resumiu numa nota disponibilizada à comunicação social o director-geral da Jones Lang LaSalle, Pedro Lancastre.
Em relação ao ano em curso, por outro lado, as perspectivas da consultora não melhoram. “O ano 2013, como todos nós sabemos, será marcado pela redução do rendimento e do consumo e pelo aumento do desemprego, falências, etc. E isso é incontornável. Não se auguram melhores níveis de atividade em escritórios, retalho e investimento", sublinha o gestor.
Em contrapartida, e porque "é preciso continuar a acreditar que dos maus tempos também nascem boas oportunidades", de acordo com o líder da Jones Lang LaSalle em Portugal, somam-se as oportunidades para quem tem liquidez e "pode ter uma estratégia de antecipação" de forma a beneficiar de "um ajuste dos preços que vai continuar a verificar-se”.
O sector foi confrontado em 2012 com "um cenário difícil", com os investidores institucionais "de costas voltadas para Portugal", e a economia em recessão, pontuada por uma forte queda do consumo e pelo aumento do desemprego. A "excepção" encontrada pela consultora foi o comércio de rua nas zonas de maior prestígio de Lisboa.
O mercado de escritórios tem sido dos mais afectados pela actual conjuntura. "Se cresce o desemprego, aumentam também os espaços vazios", nota a Jones Lang LaSalle. Este ano, foram tomados cerca de 93.000 metros quadrados de escritórios, sendo que 79% dessa área diz respeito a mudança de instalações. Ainda assim, este registo representou uma subida de 6% da taxa de absorção face a 2011 (87.649 metros quadrados).
O efeito combinado do aumento da área devoluta e da redução da área ocupada pelas empresas continuou a pressionar as rendas - a consultora avalia em 18,5 euros por metro quadrado o valor das rendas "prime" em 2012 -, obrigando os proprietários a "conceder cada vez mais incentivos para atrair ou reter os inquilinos".
No segmento do retalho, se não foram inaugurados novos centros comerciais ou "retail parks" em 2012 - nota a consultora que acontece pela "primeira vez desde que a indústria dos centros comerciais começou a proliferar no país" -, verificou-se um "cada vez maior dinamismo" no comércio de rua, sobretudo nas zonas mais caras, tendência que deve continuar em 2013, prevendo-se que a nova lei do arrendamento tenha um impacto ainda mais positivo no desenvolvimento deste sector.
No domínio do investimento, o mercado nacional registou "a pior performance desde que há registo, com apenas 125 milhões de euros transaccionados", um cenário que não deverá alterar-se em 2013, prevê a Jones Lang LaSalle. Os escritórios (48%) foram o sector que absorveu maior investimento, seguindo-se os imóveis de uso misto (45%) e o retalho (7%).
A consultora considera que "o cada vez maior ajustamento dos preços e das yields está a tornar o mercado de investimento mais atractivo, com oportunidades excelentes em todos os sectores (escritórios, comércio, logística, turismo e habitação) e, por isso, os 'timings' para o regresso dos investidores institucionais terá a ver com a recuperação da credibilidade do país e com o incremento do financiamento interno".
Diário Digital com Lusa