Entre o assédio de gigantes estrangeiras e o ‘valor sentimental e histórico da marca’
SÃO PAULO — Neto do fundador da marca Aviação, fundada em 1920, Geraldo Rezende Filho, de 65 anos, largou a Medicina há 40 anos para assumir o comando da empresa que herdou. Para cumprir a sua missão de manter o padrão do produto e fazê-lo seguir como líder em seu segmento por mais um século, Rezende lembra do recado deixado por seu avô, o mineiro Antonio Gonçalves Salles: o segredo do sucesso é a qualidade.
Qualidade que Rezende diz conseguir mantendo inalterada até hoje a receita original da manteiga, feita a partir de creme de leite, com ou sem sal, batido. E só. Tanto que as batedeiras da fábrica que fica em Passos (MG) foram modernizadas uma única vez, em 1986.
— Até aquele ano, as batedeiras processavam meio quilo de manteiga por hora. Hoje são três mil quilos — conta.
Sobre o assédio de grandes marcas, Rezende lembra que, nos áureos tempos da Parmalat no país, a empresa italiana chegou a cortejar a família.
— A Parmalat, naquele tempo em que eles queriam comprar tudo, nos fez uma oferta. Mas nós não vendemos nossa marca. Isso está fora de cogitação — afirma. — Nem por US$ 1 bilhão. O valor sentimental que há nesta marca e o conteúdo histórico que carregamos não têm preço. Nós não vendemos nossa empresa por nenhum valor.
Apesar do padrão único da manteiga que produz, Rezende diz que em casa usa apenas a manteiga em lata, e como médico que é explica a razão:
— A manteiga é realmente a mesma em todas as embalagens. Mas a da lata não é refrigerada em nenhum momento depois de embalada, e isso faz o produto continuar maturando. Além disso, quando comemos algo em temperatura ambiente as papilas gustativas ficam mais sensíveis à gordura e ao sal e, assim, temos a sensação de mais sabor.
Qual a melhor forma de degustar a manteiga?
— Com pãozinho francês recém-saído do forno. Essa é a receita mais gostosa — diz.