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Trader Lusitano
05-11-2016, 08:52 PM
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Trabalhar no duro não é sinónimo de trabalhar de forma inteligente

Conheça o exemplo de Rahul e da sua empresa contado por Steve Blank, que colabora com o entrepreneur.com Avaliar a produtividade dos membros da sua equipa contando as horas que trabalham ou registando a hora a que chegam e se vão embora é uma forma amadora de gerir empresas.

O número de horas trabalhadas não é sinónimo de eficiência dos seus colaboradores (nem da sua). O Rahul, um antigo aluno, convidou-me a passar pela empresa dele e a ver como a startup se estava a aguentar. Startup é um eufemismo, já que o Rahul construiu uma grande empresa que conta com um rendimento anual de mais de 50 milhões de dólares e tem centenas de colaboradores. Tínhamos combinado jantar mas o Rahul convidou-me para assistir, durante a tarde, a algumas reuniões da empresa e a fazer simulações de alguns produtos, a desfrutar da mobília, do café e da companhia. Antes de sairmos para jantar, fiz-lhe perguntas sobre a cultura da empresa e a transição de startup para empresa.

Falámos sobre novas contratações, sobre a gestão dos postos de trabalho através da criação de manuais de operações para cada um e sobre a divulgação dos objetivos e missão de cada departamento e da empresa. Fiquei bem impressionado – até que lhe perguntei se os colaboradores se esforçavam muito. A sua resposta lembrou-me do idiota que outrora fora em início de carreira: “A equipa sabe que não é um trabalho das 9h00 às 17h00. Ficamos o tempo que for preciso para acabar o trabalho.” Fiquei atordoado mas ele confundiu a minha reação com entusiasmo e continuou: “Na maioria dos dias, quando saio às 19h00, os colaboradores ainda estão a trabalhar no duro.

Ficam até de noite e muitas vezes temos reuniões ao sábado.” Arrepiei-me. Não por ele ser palerma, mas por ter passado a maior parte da minha carreira sem me aperceber do que realmente se passava. Exigi às minhas equipas o mesmo esforço inútil. O jantar estava marcado para as 19h15 e era ali perto, por isso saímos às 19h00 e avisámos os colaboradores de que íamos jantar. Assim que saímos do edifício, pedi ao Rahul que ligasse para o restaurante e avisasse que íamos chegar atrasados. Disse-lhe: “Vamos atravessar a rua até ao parque de estacionamento e olhar para a porta de entrada do prédio. Quero mostrar-te algo que aprendi muito tarde e a muito custo na minha carreira.”

Conhecia-me bem, por isso esperou pacientemente. Às 19h05, nada aconteceu. “Que queres que veja?”, perguntou-me. “Espera”, retorqui, esperando ter razão. Às 19h10 a porta de entrada continuava imóvel. Começou a chatear-se e, quando se preparava para dizer “Vamos jantar”, a porta de entrada da empresa abriu-se e saíram algumas pessoas. “São os subdiretores e outros quadros superiores?” Ele acenou com a cabeça, com um ar surpreso, e continuou a olhar para a porta. Após outro intervalo de dez minutos, uma enchente de colaboradores abandonou o edifício como formigas que saem do formigueiro. O Rahul ficou de queixo caído e muito tenso. No espaço de meia hora, o parque de estacionamento estava vazio.