Um ano depois de Garrett McNamara ter surfado a maior onda do mundo, na Nazaré enche-se o peito para falar do feito que notabilizou a vila, aumentou a procura turística e começa a gerar retorno para a economia local.
"O projeto [Zon North Canyon Show] foi assente numa estratégia com objetivos muito claros e que estão a ser claramente atingidos, quer em termos de notoriedade, quer de geração de recursos para a economia local", considera o presidente da empresa Municipal Nazaré Qualifica, Miguel Sousinha.
Um ano depois de o surfista havaiano Garrett McNamara ter feito história, a 1 de Novembro, ao surfar a maior onda de sempre, Miguel Sousinha considera que, para além da visibilidade, a onda trouxe "uma maior ocupação das unidades hoteleiras e mais clientes nos restaurantes".
Reflexos notados igualmente no Clube de Desportos Alternativos da Nazaré onde, sobretudo no último verão, foi sentido "um aumento de praticantes de surf, tanto nacionais como estrangeiros, que querem não apenas ter aulas, mas também ver onde o sítio onde tudo aconteceu", afirma o coordenador, Paulo Salvador.
O impacto é notável no aparecimento de "alunos de países nórdicos e norte da Europa, que tradicionalmente não nos procuravam", mas também na romaria de atletas internacionais, como Kelly Slater, Joel Parkinson "entre muitos outros que vêm ver como são as ondas na Nazaré".
Se dúvidas houvessem, a população se encarregaria de as dissipar."É a melhor onda do mundo", dizem peixeiras e pescadores satisfeitos por verem a fama da onda ultrapassar a "má fama do mar da Nazaré, por causa dos afogamentos".
Os populares, que de início olharam com desconfiança para o surfista estrangeiro, são hoje os primeiros a pedirem para tirar uma foto "com o homem da onda", ao qual reconhecem "humildade e capacidade de se dar às pessoas".
Mas se isso se reflecte directamente nas caixas registadoras dos estabelecimentos está ainda por provar.
Maria Rosa, do restaurante Mar Alto, nota que "há mais pessoas, mas gastam menos, mas seja como for é muito positivo".
A relação directa entre a onda e as vendas, para já, só pode ser medida pela procura do único produto criado propositadamente para recordar o momento.
"Um postal com a foto da onda passou a ser o mais vendido e hoje até já está esgotado", assegura Augusta Matias, proprietária da Casa Litoral, uma loja de artesanato onde o único exemplar do postal existente é o do mostruário.
O postal, explica Miguel Sousinha, "foi iniciativa de uma tipografia local" e comprova a necessidade de avançar para a criação de uma linha de produtos alusivos à onda para serem distribuídos pelo comércio local.
"Já temos o design das peças pensado e pensamos que até final do ano conseguiremos dispor do investimento inicial, na ordem dos 100 mil euros, para lançarmos a linha", acrescenta.
Até lá, a onda continua a dar que falar na vila onde até final do mês decorre o Red Bull Mito, colocando a Nazaré no mapa das grandes competições internacionais de surf de ondas gigantes.
Mas, independentemente da fama dos surfistas que agora acorrem à Nazaré, dificilmente algum superará a gratidão dos populares para com McNamara.
"Está neste projecto sem receber nada e é para nós já um filho da terra, que será sempre bem recebido na Nazaré e que terá todo o nosso apoio se um dia se quiser cá radicar", conclui Miguel Sousinha.
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