Mercados emergentes estão preparados para mudanças na política monetária dos EUA, diz
O presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, disse nesta segunda-feira que os mercados emergentes estão "tão preparados quanto podem estar" para mudanças na política monetária dos Estados Unidos.
Bullard, membro não-votante do Comitê de Formulação de Políticas do Federal Reserve, fez os comentários em um evento em Cingapura.
O Federal Reserve elevou a taxa de juros na semana passada e manteve a perspectiva de política monetária para os próximos anos praticamente inalterada em meio ao crescimento econômico e a um mercado de trabalho forte no país.
O aumento da taxa de juros dos EUA, aliado aos temores em torno do impacto econômico de uma disputa comercial entre os Estados Unidos e a China, tem prejudicado os mercados financeiros da Ásia emergente, especialmente os da Indonésia e das Filipinas.
Títulos italianos e ações bancárias são pressionados por discussão orçamentária
Os custos de empréstimo da Itália avançavam nesta segunda-feira (8), as ações bancárias caíam e o euro enfraquecia com a intensificação de uma guerra de palavras entre Roma e a União Europeia sobre os planos orçamentários italianos.
À medida que os rendimentos dos títulos italiana aumentavam em até 30 pontos básicos, a diferença entre os rendimentos de títulos de 10 anos da Itália e da Alemanha - uma medida dos riscos do país - foi a mais de 300 pontos básicos.
Isso repercutia em todos os mercados: o índice acionário da Itália atingiu seu nível mais baixo desde abril de 2017, as ações de bancos recuavam cerca de 4% e o euro enfraquecia.
O vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, falando em uma coletiva de imprensa com o líder de extrema direita francês Marine Le Pen, afirmou nesta segunda-feira que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o comissário de Economia Pierre Moscovici são inimigos da Europa.
A Comissão disse à Itália que está preocupada com seus planos de déficit orçamentário para os próximos três anos, uma vez que eles violam o que a UE pediu ao país em julho.
Salvini também disse nesta segunda-feira que a Itália não cederá à pressão do mercado e recuará em seus planos de aumentar o déficit no próximo ano.
O rendimento do título de 10 anos da Itália chegou a atingir o nível mais alto desde o início de 2014 de 3,63%, enquanto o rendimento de dois anos saltou 30 pontos básicos, para a máxima de quatro meses de 1,656%.
Fonte: G1
1 Attachment(s)
FMI reduz projeções de crescimento econômico global
Attachment 2057O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou suas previsões de crescimento econômico global para 2018 e 2019, afirmando que a guerra comercial está pesando e que os mercados emergentes enfrentam dificuldades com condições financeiras mais restritivas e fluxo de saída de capitais.
As novas projeções, divulgadas na ilha indonésia de Bali, onde as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial estão sendo realizadas, mostram que a onda de forte crescimento, alimentada em parte pelos cortes nos impostos dos EUA e pela crescente demanda por importações, está começando a diminuir.
O FMI disse em uma atualização do seu relatório "Perspectiva Econômica Mundial" que agora prevê um crescimento global de 3,7 por cento em 2018 e 2019, abaixo da previsão de julho, de crescimento de 3,9 por cento para os dois anos.
A redução reflete uma confluência de fatores, incluindo a introdução de tarifas de importação entre os Estados Unidos e a China, desempenhos mais fracos dos países da zona do euro, Japão e Reino Unido e crescentes taxas de juros que pressionam alguns mercados emergentes com saídas de capital, especialmente Argentina, Brasil, Turquia, África do Sul, Indonésia e México.
"O crescimento dos EUA vai diminuir quando partes de seu estímulo fiscal retrocederem", disse o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, em comunicado. "Apesar da força da demanda presente, reduzimos nossa projeção de crescimento dos EUA em 2019 devido às tarifas recentemente adotadas sobre uma série de importações da China e à retaliação da China."
Com a maior parte do impacto da guerra tarifária entre EUA e China a ser sentida no próximo ano, o FMI reduziu a previsão de crescimento dos EUA em 2019 a 2,5 por cento de 2,7 por cento anteriormente, enquanto a estimativa para a China passou a 6,2 por cento de 6,4 por cento. Para 2018 as projeções para os dois países permaneceram em 2,9 por cento para os EUA e 6,6 por cento para a China.
Obstfeld disse não estar preocupado com a capacidade do governo chinês de defender sua moeda contra mais enfraquecimento, mas afirmou em entrevista à imprensa que Pequim enfrentará um "exercício de equilíbrio" entre ações para sustentar o crescimento e garantir a estabilidade financeira.
Se a China e os EUA resolverem suas diferenças comerciais, "haverá uma alta significativa nas projeções".
A estimativa de crescimento da zona do euro em 2018 foi reduzida a 2 por cento de 2,2 por cento anteriormente, com a Alemanha particularmente afetada pela queda nas encomendas à indústria e nos volumes comerciais.
Obstfeld disse que o FMI não vê um recuo generalizado dos mercados emergentes nem contágio para as economias emergentes com situação mais forte e que tenham evitado grandes fluxos de saída, como alguns na Ásia e alguns países exportadores de petróleo e metais.
"Mas não há como negar que a suscetibilidade a grandes choques globais aumentou", disse Obstfeld. "Qualquer forte reversão para os mercados emergentes apresentará uma ameaça significativa para as economias avançadas."
O Brasil teve sua estimativa de crescimento em 2018 reduzida em 0,4 ponto percentual, a 1,4 por cento, devido à greve dos caminhoneiros. O Irã, que enfrenta uma nova rodada de sanções dos EUA no próximo mês, também teve sua projeção reduzida.
Alguns países emergentes ricos em energia tiveram desempenho melhor devido aos preços mais altos do petróleo, com a Arábia Saudita e a Rússia recebendo revisões para cima em suas projeções.
FMI reduz projeções de crescimento econômico global por guerra tarifária e turbulência nos mercados emergentes
1 Attachment(s)
Propostas econômicas devem seguir fora dos holofotes no 2º turno das eleições
As propostas econômicas dos candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) devem atrair questionamentos a partir de agora na disputa presidencial, mas dificilmente, na visão de agentes do mercado, vão embalar as campanhas nesta rodada final.
Bolsonaro, com 46 por cento dos votos, e Haddad, com 29 por cento, passaram para o segundo turno das eleições presidenciais em votação no domingo, depois de uma campanha em primeiro turno que relegou ao segundo plano o debate econômico.
O detalhamento está fora do radar, afirmou o economista-chefe do Fator, José Francisco de Lima. Segundo ele, Bolsonaro não precisa disso pra avançar e para o Haddad seria muito custoso detalhar alguma coisa nessa linha (do ajuste fiscal), em referência à chance de o petista afastar um eleitorado cativo, de esquerda, se optar por fazer muitos acenos ao mercado.
Ele acrescenta que no curto prazo, a situação também é boa para o Bolsonaro. Porque se o dólar cai e a bolsa sobe, e isso for visto como persistente, vai entrar na campanha um argumento importante que é o da confiança e o da estabilidade.
Os ativos brasileiros subiram com força na segunda-feira, repercutindo o resultado eleitoral do primeiro turno, inclusive a nova composição do Congresso, com o principal índice da bolsa paulista, o Ibovespa, fechando em alta de 4,6 por cento e o dólar recuando 2,35 por ante o real.
Na retomada da campanha após a votação de domingo, os presidenciáveis já deram mostras do caminho que pretendem trilhar daqui para frente. Bolsonaro fez fortes críticas ao fato de Haddad se aconselhar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão, reforçando a artilharia contra o establishment e contra a corrupção.
Já do lado de Haddad, embroa ele já tenha dito que o que guiará o segundo turno é o debate econômico, criticando o "projeto neoliberal" de seu opositor, ele está centrando esforços para emplacar sua candidatura como de defesa da democracia, se isto é possível tratando-se de PT, tentando marcar uma contraposição ao estilo autoritário associado ao candidato do PSL. O petista também vem reforçando seus laços familiares.
Para ele, o fato de um grande número de parlamentares terem sido eleitos na onda de Bolsonaro tende a amainar temores de que, se eleito, ele não teria força para emplacar reformas importantes que o mercado espera, como a da Previdência.
Apesar de os programas terem direções claras, com o petista priorizando maior participação do Estado na economia e o candidato do PSL se alinhando à cartilha do livre mercado, ambos não detalharam ainda como de pretendem implementar as reformas importantes. Ao mesmo tempo os dois lados vêm flexibilizando posições em busca de menor controvérsia.
"As propostas de Paulo Guedes (assessor econômico de Bolsonaro) são boas. Dífícil é implementar", afirmou a fonte, acrescentando ainda que a expectativa também é de que Haddad caminhe de maneira clara para o centro.
Apesar de o programa do PT defender que é possível equilibrar as contas da Previdência, porque não o fizeram antes, com a retomada dos empregos, formalização de atividades econômicas e maior arrecadação, Haddad já vem publicamente reconhecendo a necessidade de mexer nas regras de acesso à aposentadoria.
Bolsonaro, por sua vez, afirmou na segunda-feira que "desde o início" quer isenção de Imposto de Renda para os que ganham até 5 mil reais, embora a proposta não conste formalmente em seu programa, mas esteja no do PT.
Ambos, contudo, não esclarecem com números como abrirão mão desta receita em meio à grave situação fiscal do país, que caminha para seu quinto ano seguido de déficit primário.
Mas, pelo que constatamos, as propostas econômicas devem seguir fora dos holofotes no 2º turno das eleições. O eleitor precisa disso, para que possam avaliar os candidatos, pois até o moemnto não sabermos exatamente quais são.