Donald Trump: Aceitará ele a derrota?
Donald Trump começa a contemplar a possibilidade de derrota e acusa o sistema de estar “viciado”. Caso Hillary vença, será que, pela primeira vez na História da democracia dos EUA, o vencido não aceitará o resultado?
Em 1860, os Estados Unidos não podiam ser uma nação mais dividida. Dentro de um ano, o país cairia numa guerra civil sangrenta onde morreriam mais de 700 mil soldados, deixando cicatrizes profundas entre Norte e Sul que resistem até hoje. Como seria de esperar, as eleições desse ano foram um momento quente, que culminaria na vitória de Abraham Lincoln. Ainda assim, num momento de retórica tão inflamada e mesmo perante a iminência de pegar em armas, um dos derrotados, o senador Stephen A. Douglas, concedeu a derrota: "O sentimento partidário tem de resultar em patriotismo. Estou consigo, Sr. Presidente, e Deus o abençoe."
A citação foi lembrada em 2000 por Al Gore (quem mais?), quando admitiu a derrota face a George W. Bush nas eleições presidenciais, depois de uma polémica decisão do Supremo Tribunal dos EUA ter travado a recontagem dos votos na Florida. "Que não haja dúvidas, embora eu discorde profundamente da decisão do tribunal, eu aceito-a. Aceito a finalidade deste resultado […] e esta noite, em nome da nossa união como povo e da força da nossa democracia, ofereço a minha concessão." Embora os derrotados das eleições sejam muitas vezes empurrados para as notas de rodapé da História, o seu comportamento na noite eleitoral representa um dos principais pilares da democracia. Nos Estados Unidos, nunca um derrotado questionou a legitimidade das eleições. Até aqueles que tiveram maior número de votos do que os vencedores.
No entanto, como em muitos outros momentos da sua campanha, Donald Trump parece estar a desafiar as convenções históricas, com um discurso que está a deixar muitos americanos preocupados com o que acontecerá na noite de 8 de Novembro se os republicanos perderem. Aceitará ele a derrota? Nos últimos dias, o milionário tem colocado em causa o sistema eleitoral e que será necessário actuar caso Hillary Clinton vença, dando até a entender que isso poderá ser feito com recurso a armas.