Cenário de "Goldilocks" nos EUA continua desafiando pessimistas


"Goldilocks" (cachinhos dourados). Essa tem sido uma das expressões mais populares nos mercados financeiros internacionais, temas de relatórios de bancos e debates de economistas.

Ela serve para descrever um cenário no qual um substancial desaquecimento econômico é uma perspectiva distante. Nas últimas semanas, os Goldilocks dominaram as avaliações sobre a situação econômica nos Estados Unidos.

Como observaram os analistas Thomas Stolper e Themos Fiotakis, do banco Goldman Sachs, esse sentimento positivo já dura cerca de três semanas. "Temores de um colapso da economia dos Estados Unidos liderado pelos preços dos imóveis foram aliviados pelos preços menores do petróleo", afirmaram. Além disso, acrescentaram, "o reaparecimento temporário do que muitos chamam Goldilocks sustentaram vários ativos de maior risco".

As moedas de países emergentes, por exemplo, conseguiram recuperar boa parte das perdas acumuladas entre meados de agosto até o final de setembro. Na terça-feira, a combinação de um maior núcleo do índice de preços das empresas (PPI) e uma produção industrial menor foi vista por muitos no mercado como um motivo para ficar preocupado novamente com uma desaceleração econômica mais acentuada nos Estados Unidos.

Mas nesta quarta, a divulgação da inflação ao consumidor em setembro, que registrou uma forte queda, serviu para reanimar uma parcela dos investidores a abraçarem a reconfortante tese dos "Goldilocks". No entanto, uma boa parcela dos mercados continua com um pé atrás, esperando novos indicadores.

Segundo Stolper e Fiotakis, os Goldilocks tem dois principais inimigos. O primeiro é uma desaceleração econômica forte. "O segundo está relacionado a uma economia excessivamente aquecida, levando a uma política monetária mais apertada para controlar inflação e, por fim, também a uma desaceleração econômica", afirmaram.

"Portanto, Goldilocks podem ser considerados a região onde o crescimento é suficientemente forte para que a economia escape de uma espiral de desemprego crescente e demanda em queda, por um lado, e de pressões inflacionárias excessivas do outro."

Os analistas observam que desde maio passado, os mercados vêm testando os cenários anti-Goldilocks dos dois lados, mas por enquanto ele continua aparentemente no meio da janela de variação. "E mesmo que a janela se feche completamente e uma desaceleração nos Estados Unidos se tornar inevitável, o crescimento mundial poderá se descolar", afirmaram. "Por isso, continuamos razoavelmente confiantes que os ativos de maior risco nos mercados emergentes podem continuar apresentando uma boa performance."