Todos os dias você abre o seu guarda-roupa para escolher o que vestir, e as vezes pensa que sempre falta algo não?! Mas, tem peças que você nunca usou, talvezx por falta de oportunidade, homeoffice ou outros motivos.
Bem, brincadeiras à parte, é muito provável que, na hora de decidir qual roupa usar, você escolha sempre as mesmas peças. São aqueles 20% das roupas que sempre estão vestindo o seu corpo, enquanto o resto fica mofando no fundo do armário.
A verdade é que isso é muito comum. Em um mundo onde o consumo é incentivado, com forte presença de lojas de roupa que operam em um modelo fast fashion, como entre elas, Zara, H&M e GAP. No Brasil, temos lojas como Renner, Riachuelo e C&A. essa cena acaba se repetindo em milhões de casas ao redor do mundo.
Fast fashion? O que é isso?
Bem, acho que já falamos sobre isso, em posts anteriores, mas o termo significa roupas baratas e modernas, inspiradas em ideias de desfiles de moda ou em vestimentas de celebridades, que são rapidamente replicadas por lojas de roupa mais acessíveis para atender a demanda dos consumidores.
O modelo de negócios fast fashion é bastante lucrativo, visto que as roupas são produzidas em grande escala e por um baixo custo. Juntamente a isso, os consumidores sempre estão atrás das novas coleções, comprando peças que serão usadas por pouco tempo até saírem de moda e serem descartadas.
O problema é que esse comportamento, tanto das marcas quanto dos consumidores, acaba causando uma série de problemas, principalmente para o meio ambiente. Além de incentivar o contínuo baixo custo da mão de obra que se contrata nesse tipo de situação. Assim, pensando nesses efeitos, está surgindo uma nova tendência: comprar roupas de segunda mão, que está crescendo muito.
Em 2021, o mercado de segunda mão (secondhand terrmo em inglês) atingiu US$ 36 bilhões e já está muito próximo do segmento de fast fashion. Existem diversos motivos que favorecem esse crescimento. Alguns dos principais são:
1) Aumento do número de ofertas.
Essa ampliação foi impulsionada por uma oferta cada vez maior de plataformas especializadas na venda de roupas usadas. Quanto mais fácil fica vender uma peça online, mais pessoas esvaziam seus armários — aumentando o número de vendedores.
Recentemente, a Farfetch — líder mundial no mercado online de moda de luxo — adquiriu a plataforma de revenda Luxclusif com o objetivo de se consolidar no mercado de artigos de luxo de segunda mão.
Outras aquisições recentes do setor foram a de parte da Vestiaire Collective, pela Kering, além da brasileira Enjoei, que adquiriu grande parte das ações da Gringa, fundada por Fiorella Mattheis.
O mercado de usados está crescendo e as empresas estão de olho nisso. Pegando nosso país como exemplo, o número de estabelecimentos que comercializam produtos desse tipo cresceu 50% apenas entre 2020 e 2021.
O fato desse aumento brasileiro ter ocorrido durante a pandemia não foi por acaso. A crise gerada pelo coronavírus intensificou tanto a venda, quanto a compra de roupas usadas, sobretudo por questões financeiras.
Enquanto o vendedor ganha dinheiro por algo que ficaria encostado no guarda-roupa, o comprador tem acesso a peças mais baratas. Em outras palavras, a pandemia forçou um novo hábito de economia, que deve permanecer.
As estimativas são que, em 2030, quase 20% das roupas que as pessoas têm sejam de segunda mão — 5 vezes mais do que era em 2010.
Além disso, os consumidores estão tendo mais cuidado em suas compras, escolhendo suas peças com mais cuidado e se importando com a durabilidade. Além disso, a sustentabilidade é uma preocupação crescente — principalmente entre as gerações Y e Z.
Por exemplo, para fazer uma calça jeans são necessários 10 mil litros de água — enquanto comprar uma calça usada não gasta nada. Dessa forma, parece que a reutilização de recursos, visando gerar menos impactos ambientais, veio pra ficar.
O mercado é grande e ninguém quer ficar de fora. As marcas de luxo destruíam suas coleções não vendidas, mas a prática foi proibida a partir de janeiro de 2022. Assim, elas tiveram que se adaptar, e se pensarmos bem, isso foi muito positivo, pois o mercado vintage de roupas de luxo também vem crescendo.
O principal é a exclusividade, pois são produtos que não são mais comercializados. Dessa forma, roupas que antes seriam descartadas passaram a ser vendidas, o que promove sustentabilidade e ainda gera mais lucratividade para as empresas.
Em suma, vale destacar que marcas como Stella McCartney, Burberry e Gucci têm parcerias com a The RealReal, loja online especializada na venda de artigos de luxo de segunda mão. Além dos benefícios para as empresas, o bolso do consumidor agradece. Aliás outro mercado que está crescendo é o aluguel de roupas de luxo, mas isso é um tema para nosso próximo post.