Real é a moeda mais afetada, na alta ou na baixa
Em poucas semanas a valorização do real foi de 5%, uma das maiores entre as moedas emergentes, mas já chegou a cair 20% neste ano, uma das maiores do mundo
Câmbio: estudos mostram que o fato de o Brasil ter um dos mercados mais líquidos do planeta faz
com que o país tenha maior variação de sua moeda em movimentos globais
São Paulo - É hora de comprar dólar? Quando ultrapassou os R$ 2,40, há três semanas, muitas empresas exportadoras acreditaram que sim e correram para o mercado futuro para "travar o câmbio", ou seja, para garantir que vão vender seus produtos nos próximos dois meses a preços mais competitivos.
Nesta semana, com a moeda americana valendo menos de R$ 2,30, foi a vez de os investidores nacionais correrem para o mesmo mercado futuro para fazer o que no jargão é conhecido como "montar posições compradas", ou seja, apostar que daqui por diante o dólar vai subir. Já subiu ontem, depois de seis dias de queda, e fechou o dia valendo R$ 2,2860.
Em poucas semanas a valorização do real foi de 5%, uma das maiores entre as moedas emergentes. Já chegou a cair 20% neste ano, também uma das maiores do mundo, em boa parte incentivada pelos movimentos nos mercados futuros.
Para cima ou para baixo, estudos dos bancos Itaú e Santander mostram que o fato de o Brasil ter um dos mercados mais líquidos do planeta faz com que o país tenha maior variação de sua moeda em movimentos globais.
E não é diferente neste momento em que o mundo vive sob a expectativa de quando o Fed, o banco central dos Estados Unidos, vai começar a reduzir seu programa de afrouxamento monetário, que injeta todo mês US$ 85 bilhões no país, tornando a liquidez global mais acentuada.
O programa americano começou em 2008 e, de lá para cá, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), cerca de US$ 1,1 trilhão chegaram aos mercados emergentes. Esse fluxo fez com que as moedas desses países se valorizassem.